Infelizmente, no nosso mercado e na maioria das relações comerciais, predomina a lei do "manda quem pode, obedece quem tem juízo"
São Paulo, 22 de Outubro de 2008
ABB-397/2008
À
Concessionária
Att: Presidência ou Diretoria Comercial
Prezados Senhores,
A Associação Brasileira de Blindagens (ABRABLIN/ANDB) – considerando o conhecimento que obteve do projeto "Sistema de Blindagem ******™ *********" – vem, por meio desta, manifestar sua preocupação quanto a implementação do mesmo, pois esta poderá oferecer sérios riscos ao mercado de blindagem no Brasil.
Assim, com a autoridade que esta Associação possui – em função de seu trabalho, conhecimento e dedicação ao mercado de produtos e serviços de blindagem destinados à proteção da integridade física e patrimonial da coletividade – e não desejando ser omissa ou conivente com qualquer ação que possa ameaçar a segurança dos usuários e a perenidade do mercado de produtos de proteção blindados, explicita abaixo, suas considerações sobre os principais pontos preocupantes deste Projeto.
Nas apresentações e publicidades que estão sendo realizadas, a ******* dá a entender que desenvolveu um projeto inovador, com "solução tecnológica revolucionária", e que, com isto, pode oferecer uma proteção mais leve, mais barata e que protege o usuário contra 97% das ameaças.
É importante que fique bem claro e esclarecido que, na verdade, o que a DuPont está oferecendo com este projeto "********" é uma proteção balística do Nível I (Norma ABNT NBR 15000), que:
1) não tem nada de inovação tecnológica, pois de longa data esta blindagem é perfeitamente conhecida do mercado;
2) ela é mais leve apenas pelo simples fato de proteger muito menos (são três níveis de proteção de diferença) que a blindagem balística Nível III-A, usada atualmente nas grandes metrópoles;
3) oferece proteção apenas contra agressões realizadas por armas de calibres .22 e .38, em condições bastante específicas de munição (ponta de chumbo);
4) é uma inverdade ameaçadora e até certo ponto irresponsável informar ao usuário que ele está protegido contra 97% das ameaças; primeiro, por estar baseada em informação, no mínimo, de credibilidade discutível; e, em segundo lugar, porque é sábido deste mercado que a as ameaças ocorrem, em sua maioria, com armas de calibres superiores ao .22 e .38;
5) a assertiva acima tem como base as pesquisas realizadas entre as empresas blindadoras avaliadas por esta Associação, que demonstram que aproximadamente 70% dos atentados a veículos de passeio blindados ocorreram com armas de calibres superiores ao .38.
Considere-se ainda, pela sua extrema importância, que, mesmo que fosse explicado corretamente aos usuários as reais condições de proteção dessa blindagem, ela ainda assim seria totalmente inadequada, uma vez que não cabe ao usuário – quando confrontado com a arma que o ameaça – observar, analisar e constatar se a mesma é de um calibre inferior ao . 22 e .38 (Ponta de Chumbo).
Portanto, é de fácil compreensão que qualquer agressão com armas de calibres superiores ao especificado pelo Nível I acarretaria perfurações a esta blindagem, podendo incorrer até mesmo na morte do seu ocupante. O que seria extremamente lamentável e prejudicaria de modo irreversível a indústria de blindagem brasileira como um todo.
A Associação Brasileira de Blindagem entende que, com estes esclarecimentos, está cumprindo seu papel junto ao mercado e a sociedade em geral. E espera que os Senhores Concessionários, após conhecê-los, possam tomar com responsabilidade e sabedoria suas decisões sobre participar ou não, da implementação do referido projeto.
Sem mais, agradecemos a atenção de V.S. e informamos que outras considerações sobre o assunto encontram-se a disposição de todos, no "site" desta Associação ou pelo "email" abrablin@abrablin.com.br.
Atenciosamente,
Alexandre Ret
Presidente da Câmara de Blindadores
Christian Conde Antonio
Presidente da ABRABLIN